DEMISSÃOES CHEGAM AO COMÉRCIO E AOS SERVIÇOS.

 

O comércio e os serviços são os setores que mais empregam no Brasil e adiaram por um bom tempo o ajuste no pessoal ocupado.

 

Após quase um ano e meio atendendo no balcão de uma loja de importados no Rio, Geraldo Junior Carneiro, de 25 anos, ficou desempregado em julho, quando ele e outros três funcionários viram o negócio fechar as suas portas. A escalada do dólar em 2015 encareceu os produtos, que não couberam mais no orçamento dos consumidores, cada vez mais cautelosos nas compras. A saída dos donos foi encerrar as atividades para evitar prejuízo maior.

“Os proprietários foram sinalizando que o quadro estava ruim nos últimos meses e chegou ao ponto em que precisaram fechar”, conta Carneiro, que agora revê alguns hábitos. “Já no começo do ano diminuí o valor do meu pacote de internet e da TV a cabo e mudei meu celular de pós para pré-pago. Estou em busca de outro emprego, porque a situação está preocupante.”

O comércio e os serviços são os setores que mais empregam no Brasil e adiaram por um bom tempo o ajuste no pessoal ocupado. Mas nem eles suportaram a pressão da inflação elevada, do aumento dos juros e, principalmente, da queda na renda das famílias. Com a recuperação ainda distante, os dois segmentos caminham para ter, neste ano, o primeiro corte de vagas formais após mais de uma década sustentando o crescimento do mercado de trabalho do País.

Só o comércio vai fechar quase 181,3 mil postos com carteira assinada, prevê o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade leva em conta a evolução do varejo ampliado (que inclui veículos e materiais de construção) e do atacado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Nos serviços, as demissões de trabalhadores formais devem totalizar 106 mil.

Nos dados do IBGE, que incluem empregos com e sem carteira assinada, os dois setores cortaram 62 mil vagas em julho na comparação com igual período de 2014, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, que investiga as seis principais regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador). Um mês antes, as demissões haviam atingido mais de 208 mil no mesmo tipo de comparação.

Estado de São Paul.