Setor de limpeza e conservação demite 10 mil funcionários em apenas 4 meses.
O setor de limpeza e conservação tentou, mas não conseguiu fugir da crise econômica que assola o país.
O mercado vem sendo atingido e muitos profissionais perderam o emprego devido ao fechamento de empresas terceirizadas. O presidente do Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios (Sindeac), Paulo Roberto, conta que o número de dispensas preocupa. “Tivemos um crescimento de 10% nas demissões em apenas 4 meses, quase 10 mil profissionais. É uma situação grave e estamos pessimistas. Vivemos um quadro de maturação, por isso tudo tem que ser analisado. No entanto, se houver elementos para o impeachment não se trata de golpe, mas de democracia. A crise no país acontece pela falta de gestão e o povo não aceita mais tantos aumentos de impostos”, reclama.
Como está o setor de limpeza e conservação?
Faço parte de setores que tem abrangência nacional e a crise está afetando a todos. Tivemos uma reunião em São Paulo e nela identificamos que houve uma demissão de 10% nos últimos 4 meses. Só Minas são 80 mil trabalhadores, cerca de 8 mil a 10 mil empregados que perderam o emprego. Essa avaliação é feita pelo número de rescisões homologadas no sindicato. Em relação a crise, estamos pessimistas e achamos que esse índice pode aumentar ainda mais.
As demissões no segmento foram impulsionadas pelo atual cenário?
O fato é que os contratantes das empresas terceirizadas reduziram o número de empregados do ano passado para cá. Além disso, tivemos uma outra questão forte que atingiu o setor: pequenas empresas não conseguiram manter os seus custos e tiveram que fechar as portas. Em consequência, houve um maior número de pessoas demitidas. As companhias são de extrema relevância para o setor e a crise piorou a situação.
Como se manter em meio a redução no quadro de funcionários?
Apesar de ser uma atividade essencial que cuida da limpeza em ruas da cidade, residências, escritórios etc, há uma redução significativa no quadro de trabalhadores. Muitas vezes são funcionários que tem uma dificuldade enorme para ir para outros setores e não conseguem outros empregos. Estamos nos sustentando de pé, mas preocupados com o futuro.
O que se pode esperar do governo federal para 2016?
Acredito que tudo acontece através de uma política relacional, consistente e que traga confiança para a sociedade. Porém, ao contrário disso, o que está acontecendo é o aumento de impostos sem redução no custo da máquina administrativa. Só falam em acréscimo de novos impostos e a sociedade não aceita isso mais. Precisamos de medidas inovadoras. O governo iludiu o povo com fantasias que não se concretizaram. Nunca os trabalhadores perderam tanto como com esse atual governo. Deveria ser diferente, já que ele se diz de cunho trabalhista.
O impeachment seria uma solução para colocar a economia nos trilhos?
Estamos em um quadro de maturação e se houver elementos para o impeachment não se trata golpe, mas de democracia. Não sei dizer o que pode ser uma solução para o país no momento, porém, o certo é seguir o que diz a Constituição.