Sem alívio e com mais arrocho.
Redução da meta fiscal vem acompanhada por mais cortes no orçamento e tem tudo para agravar a crise econômica na qual o Brasil está atolado
Pressionado pela oposição, pelo PT e pela opinião pública, o governo federal jogou a toalha na luta pelo superávit primário. De uma só tacada reduziu a quase zero a meta de fiscal prometida no início do ano. Ou seja, a partir de agora o governo está sinalizando que não se compromete a economizar a mesma quantidade de recursos para pagar a dívida pública que havia prometido antes. Na teoria, era de se esperar com isso que se afrouxasse o aperto econômico dos últimos meses e fossem abertos os cofres para irrigar a economia, absolutamente travada e tentar reverter a recessão que ameaça fazer o PIB cair quase 2% neste ano. Na prática, no entanto, a redução da meta fiscal veio acompanhada de mais arrocho. Resultado direto de uma economia em recessão, como a brasileira nesse momento, a diminuição na arrecadação dos impostos fez com que o governo decidisse, também, cortar ainda mais custos para fechar no azul. Para conseguir chegar ao final do ano sem precisar contrair mais dívidas para pagar os compromissos, o governo anunciou também que irá cortar R$ 8,6 bilhões no orçamento. “O crescimento da arrecadação tem sido menos dinâmico que as despesas”, afirmou, em economês, o ministro da Fazenda Joaquim Levy. Em português claro significa que está saindo mais dinheiro do que entrando nos cofres do Tesouro.
O reflexo dessa decisão, que já vinha sendo aguardada pelo mercado e pela qual Joaquim Levy vinha lutando para não se concretizar, foi imediato. Nas 48 horas seguintes o dólar disparou e fechou em sua maior cotação desde março, sendo vendido para o consumidor final a até R$ 3,70. A Bolsa, como sempre acontece em momentos de incerteza econômica, seguiu caminho contrário e prometia fechar a semana com a menor cotação dos últimos quatro meses. A agência de avaliação de risco brasileira Austin Rating cortou a nota de crédito do Brasil e o tirou do chamado Grau de Investimento. Agências internacionais, como a Fitch, indicam que podem fazer o mesmo nos próximos dias. Para completar, existe a possibilidade de o Banco Central aumentar ainda mais a taxa de juros para controlar a crescente inflação, que tende a aumentar sem o ajuste das contas públicas.
Fonte: ISTOÉ.